Web cam, machismo e a atual necessidade humana.

Eu nunca imaginei que chegaria a ponto de fazer sexo virtual.
E confesso que eu fiz!
Mas pera lá, isto não era coisa de pervertido? Nerd? Uns caras meio doentes e umas mulheres sem poder de sedução? De gente feia? Sem vida sexual ativa?
Ele pediu que eu ligasse a minha Cam.
E já faziam dois dias que ele vinha me pedindo, e dois dias que eu o admirava pela cam escura.
Sedi a tentação.
Liguei.
Ele de um lado. Eu do outro.
Eu de óculos, com roupa de ficar em casa, ele descobrindo como eu sou brega quando estou em casa.
Ele de cabelo penteado. Sorrindo. Com a sobrancelha.
As cam estão ligadas.
Confesso que a 1 vez, fico tímida.
E a gente já fez isto, e muito pior ao vivo.
Mas pelas teclas de um computador e uma câmera ruim, fico com vergonha.
Vergonha dos meus defeitos serem notados, aqueles que a gente esconde entre quatro paredes fazendo uma cara que convence.
Vou me deixando levar pela imagenzinha no canto direito do computador.
Os mesmos desejos e sussurros sujos. Errados.
A mesma vontade de estar junto.
Ele diz que queria estar aqui, mas a vida é complicada. Eu quase acredito. Mas ele é complicado.
A conversa é interrompida.
A ansiedade e as vontades só aumentam.
Eu sei que eu sou inteligente. E bonita. Ele também. Ok, mais ou menos, mas o suficiente para não precisar fazer sexo pela cam.
E ai vem a questão: com quantas ele faz isto? Com todas? Com nenhuma?
Ele quer se livrar dos pecados que comete comigo, e mais uma vez eu acredito.
E quando me dou conta, já me ajeitei na cadeira e estou toda empolgada com umas frases pré-escritas e um monte de carinhas! As minhas, as dele, e as do MSN.
Passam quase 4hs desde o começo da conversa.
Eu estou cansada e ele também.
O computador não salva o histórico, que fica só na lembrança. Como ele.
E ele faz como todos fazem no dia seguinte: não me liga. Na verdade, hoje ele me desliga. E me bloqueia no MSN.